quarta-feira, 11 de agosto de 2010

CAPÍTULO 1: HIGIENE DO TRABALHO 1.2

1.1  AVALIAÇÃO E CONTROLE DE AGENTES AMBIENTAIS.

Para bem realizar a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle dos agentes ambientais são necessárias múltiplas ciências, tecnologias e especialidades. Para a avaliação e o controle, é importante a engenharia; na avaliação, também se exige o domínio dos recursos instrumentais de laboratório (química analítica); no entendimento da interação dos agentes com o organismo, a bioquímica, a toxicologia e a medicina.
A compreensão da exposição do trabalhador (esse termo é fundamental) a certo agente passa pelas características físicas e/ou químicas dos agentes e pelo uso dessas ciências básicas. O reconhecimento é um alerta; a adequada avaliação deve levar a uma decisão de tolerabilidade; os riscos intoleráveis devem sofrer uma ação de controle. Para se conhecer sobre a intolerabilidade, valores de referência devem existir. É o conceito dos limites de exposição (legalmente, limites de tolerância).
O objetivo último da atuação em higiene ocupacional, uma vez que nem sempre se pode eliminar os riscos dos ambientes de trabalho, é o de se reduzir a exposição média de longo prazo (parâmetro recomendado de comparação) de todos os trabalhadores, a todos os agentes ambientais, a valores tão baixos quanto razoavelmente exeqüível dentro de critérios definidos de tolerabilidade.
Veja que começaram a surgir outros conceitos, que devem ser definidos a seu tempo. Nem todos os agentes são medidos apenas por sua ação de longo prazo, sendo também importantes as exposições agudas (curto prazo). Pode-se perceber que devem variar aqui os objetivos e formas de avaliação da exposição.
A antecipação dos riscos consiste basicamente  em três ações:
A primeira seria trabalhar, com equipes de projeto, modificações ou ampliações (ou pelo menos analisar em momentos adequados o resultado desse trabalho), visando à detecção precoce de fatores de risco ligados a agentes ambientais e adotando opções de projeto que favoreçam sua eliminação ou controle.
A segunda seria estabelecer uma “polícia de fronteira” na empresa, rastreando e analisando todo novo produto químico a ser utilizado (isso inclui as amostras de vendedores).
E por ultimo ditar normas preventivas para compradores, projetistas, contratadores de serviços, a fim de evitar exposições inadvertidas a agentes ambientais causadas pela má seleção de produtos, materiais e equipamentos. Por exemplo, um dispositivo para espantar roedores de galerias de cabos elétricos parece ótimo, mas é necessário saber que é um emissor de ultra-som.
O reconhecimento dos riscos consiste em:
Conhecer de novo! Isso significa que se deve ter conhecimento prévio dos agentes do ambiente de trabalho, ou seja, saber reconhecer os riscos presentes nos processos, materiais, operações associadas, manutenção, subprodutos, rejeitos, produto final, insumos.
Estudar o processo, atividades e operações associadas e processos  auxiliares, não apenas com os dados existentes na empresa (e inquirindo os técnicos, projetistas, operadores), mas também conhecendo a literatura ocupacional específica a respeito deles, pois mesmo os técnicos dos processos podem desconhecer os riscos ambientais que estes produzem. Podem omitir, freqüentemente, detalhes que não julgam importantes para o higienista, mas justamente ligados a um risco. O solícito técnico da máquina empacotadora de leite longa vida pode lhe dar uma explicação precisa e detalhada do seu funcionamento, omitindo que a caixinha é selada por radiofreqüência.
Transitar e observar incessantemente o local de trabalho (não se faz higiene sem ir a campo), observando o que lhe é mostrado e o que não é. Andar “atrás” das coisas, em subsolos, casas de máquinas, porões de serviço, pode ser bastante instrutivo e revelador de riscos ambientais (cuidado com os riscos de acidentes nesses locais).
A avaliação dos riscos consiste em:
Em forma simples, é poder emitir um juízo de tolerabilidade sobre uma exposição a um agente ambiental. Atualmente, a avaliação está inserida dentro de um processo que se convenciona chamar de Estratégia de Amostragem, o que é, evidentemente, muito mais que avaliar no sentido instrumental.
Comparar a informação de exposição ambiental (que pode ter vários graus de confiabilidade) com um critério adequado, para obter o juízo de tolerabilidade. O critério é genericamente denominado de “limite de exposição ambiental”, ou limite de exposição.
O controle dos riscos consiste em:
Adotar medidas de engenharia sobre as fontes e trajetória do agente, atuando sobre os equipamentos e realizando ações específicas de controle, como projetos de ventilação industrial.
Intervir sobre operações, reorientando-as para procedimentos que possam eliminar ou reduzir a exposição.
Definir ações de controle no indivíduo, o que inclui, é claro — mas não está limitado —, a proteção individual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário