quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Falha mecânica pode ter causado acidente que matou 9 operários na BA


Falha mecânica pode ter causado acidente que matou 9 operários na BA

Conclusão preliminar foi apontada por técnicos da Delegacia do Trabalho.
Desgaste no eixo da roldana teria provocado defeito no freio.

Do G1 BA, com informações da TVBA
Técnicos avaliam peça que pode ter causado morte de nove operários na Bahia (Foto: Sandro Abade/ Arquivo Pessoal)Técnicos avaliam peça que pode ter causado acidente
(Foto: Sandro Abade/ Arquivo Pessoal)
Duas causas têm sido apontadas de modo preliminar pelo laudo pericial que avalia a queda livre de um elevador do 20° andar que matou nove trabalhadores da construção civil na terça-feira (9). O acidente ocorreu por volta das 7h, na construção do edifício Empresarial Paulo VI, localizado na Avenida ACM, em Salvador. A  obra está interditada e acategoria faz protesto contra o acidente nesta quarta-feira (10), na capital baiana.
De acordo com técnicos da Delegacia Regional do Trabalho, a queda foi de 80 metros, em cinco segundos. Quando bateu no chão, o elevador estava a uma velocidade de 140 km/h. Segundo o Ministério do Trabalho, a primeira causa foi decorrente do eixo da roldana que movimenta o elevador. A quebra do eixo fez a cabine despencar. Mas o elevador poderia ter parado se o freio automático tivesse funcionado, o que seria a segunda falha mecânica.
O coordenador de análises de acidentes, Anastácio Gonçalves, explica as evidências. “No momento em que o eixo quebrou, o elevador começou a cair, até porque não tinha nada que o sustentasse. Mas tem um mecanismo, que é o freio automático, que segura a cabine em qualquer posição que ela se encontrasse, que também falhou”. Ele comenta ainda que o material já devia ter sido substituído. “O eixo e o freio estão bastante desgastados. Todas as evidências levam para uma falha de manutenção, já que o elevador é muito antigo, é de 1998”, observa.
 José Ribeiro, presidente do Sintracom-BA (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira da Bahia), alerta para o mesmo ponto: manutenção. “Uma peça nova dificilmente se romperia. Se tivesse com manutenção com certeza o freio reserva do equipamento teria travado”, comenta. De acordo com Ribeiro, diversos operários relataram que o equipamento já havia apresentado defeito em outras obras.
O auditor fiscal e chefe da Superintendência Regional do Trabalho, Flávio Nunes, afirma que equipes de inspeção averiguam os canteiros de obras com periodicidade. Uma das ações de rotina, segundo ele, é a verificação da condição dos dispositivos de segurança, como medida de prevenção de acidentes. Ele confirma que a hipótese preliminar é de que a falta de manutenção tenha causado o acidente. “Há indícios, apenas indícios, de que o problema foi ocasionado em função de uma manutenção inadequada, que acarretou no rompimento mecânico de um eixo e, por consequência, o freio não atuou. Aí a gente verifica que houve algumas irregularidades, que supostamente contribuíram para a ocorrência do acidente”, diz.
A obra foi embargada ainda na terça-feira (9), logo após o acidente. Conforme avisa o auditor fiscal, a obra só será retomada após realização da adequação dos requisitos que serão apontados, do ponto de vista da segurança do trabalho. “Interditamos os elevadores, o que é uma prática comum nos canteiros de obra da região, porque colocam em risco a integridade física das pessoas. São acidentes preveníveis, porque a resolução desses problemas está previstas na norma regulamentadora”, explica.
O advogado e um dos diretores da construtora responsável pela obra, Fernando Magalhães, defende que o eixo não estava desgastado e trabalhava dentro de sua vida útil. Ele conta que, no momento, a preocupação da empresa é com a assistência às famílias vitimadas, no sentido de minimizar as problemáticas. “Tudo o que falarmos aqui talvez seja precipitado. Precisamos fazer algumas análises, verificar efetivamente o que aconteceu. A construtora está fazendo tudo o que está ao alcance dela para ajudar a Delegacia Regional do Trabalho, a peça inclusive foi retirada pela construtora e entregue a um auditor do trabalho”.
Ainda segundo o empresário, a manutenção dos elevadores foi realizada no sábado (6) e dos cabos que sustentam o equipamento há 30 dias. “Com a quebra possivelmente do eixo, a falha no freio veio em seguida. Mas é prematuro sair daqui com uma definição”, completa.

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